Quando esteve no Brasil pela primeira vez, em 2011, Sharon Jones ficou surpresa com a receptividade do público local. “Eu nem fazia ideia de que éramos tão conhecidos por aqui. Quer dizer, até então eu não achava que éramos uma banda de fama mundial”, revela Sharon, em entrevista por telefone de sua casa, na cidade de Nova York. “Foi surpreendente. Quando estávamos no palco, a plateia dançava e gritava freneticamente. Foi uma recepção linda, o tipo de recepção que qualquer artista deseja.”
Após quatro anos, Sharon Jones and The Dap-Kings estão de volta ao país para shows em São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro e no Bourbon Festival de Paraty. As apresentações fazem parte da turnê de lançamento de Give the People What They Want, o sexto disco da cantora com a banda. Lançado no ano passado, o álbum tem uma história conturbada: na época em que ele estava sendo finalizado, Sharon descobriu que sofria de um câncer no ducto biliar.
“Quando soube que tinha câncer, sofri um baque, mas você não pode se abalar; tem que fazer o que precisa ser feito e seguir em frente”, conta. “Mas quando se está cercada por gente que te apoia, que gosta de você e do seu trabalho, acaba tirando forças para superar qualquer coisa”
Depois de uma pausa para recuperação, a cantora voltou com tudo e o disco foi indicado ao Grammy de 2015 na categoria melhor disco de rhythm & blues. Um reconhecimento merecido, mas que Sharon avalia com ressalvas. “Fomos indicados em meio a artistas que não têm nada a ver com soul music. É uma categoria de música pop. Não acho que eu tenha alguma coisa em comum com Toni Braxton, por exemplo”, pondera. “Aliás, eu nem faço ideia de como nasceu essa categoria. Sim, claro que fiquei muito feliz de ser indicada para o Grammy, não quero parecer ingrata, longe de mim. Mas acho que no prêmio deveria existir uma categoria específica para soul music.”
A história de Sharon Jones é também a história da resistência da soul music americana pós-década de 1960. Sharon nasceu em 1956 em Augusta, Geórgia, a mesma cidade de um dos maiores mitos da soul music: James Brown. Aos 2 anos sua família mudou-se para Nova York. Sharon cresceu cantando em igrejas e, quando jovem, tentou a carreira de cantora. Não conseguiu se firmar artisticamente porque, segundo ela, as gravadoras achavam que não tinha o visual adequado.Depois de trabalhar em profissões duras, como a de segurança de carro-forte e de carcereira, em 1996 Sharon retomou a atividade artística e se juntou ao grupo Soul Providers, que futuramente mudaria o nome para The Dap-Kings.
Por cerca de dez anos, Sharon e os Dap-Kings sobreviveram tocando em pequenos clubes, principalmente na Europa, onde o grupo era idolatrado e Sharon costumava ser saudada com títulos como “Soul Sister number 1” e “Queen of Funk”. Entre os jovens fãs estavam dois músicos ingleses que, em pouco tempo, marcariam a história da música: Amy Winehouse e Mark Ronson. Em 2006, ao produzir o disco de Amy, Black to Black, Mark convidou os Dap-Kings para participarem de seis faixas. O resto é história.
Fonte: Revista Playboy
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