Onde quer que o arado o seu traço consiga
E onde a fonte, correndo, com a sua água siga
O caminho que, justo, as calhas lhe darão,
Aí, porque há a paz, está meu coração.
Bem sei que o som do mar vem de além dos outeiros
E que do seu bom som os ímpetos primeiros
Turvam de ser diverso o natural da hora,
Quando o campo a não ouve e a solidão a ignora.
Mas qualquer cousa falsa desce e se insinua
Nos anos que são vestígios sob a Lua.
Fernando Pessoa
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