A exoneração de Guilherme Sampaio (PT) da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), anunciada nesta terça-feira, 23, pegou de surpresa representantes da classe artística do Estado, apesar de indicações de que a saída já era articulada nos bastidores. À frente da pasta há pouco mais de um ano, Guilherme recebeu elogios pelo trabalho que estava desenvolvendo na pasta e ponderações sobre a dificuldade em integrar as ações da Cultura com outras áreas como educação e mobilidade.
Sampaio anunciou a exoneração hoje, ressaltando dificuldades de autonomia e autoridade na secretaria que tem um dos menores repasses de verba do governo. Ele ponderou também responsabilidades eleitorais. Guilherme deve voltar a desempenhar o cargo de vereador da Capital. Ele é um dos nomes do PT apontados como possível candidato a prefeito nas eleições municipais.
O Governo do Estado ainda não se manifestou sobre a saída do secretário. Deve assumir interinamente o secretário-adjunto Fabiano dos Santos Piuba.
Confira o depoimento de representantes da classe artística:
Edson Cândido - ator e diretor do Grupo Imagens
Nós já escutávamos um "zumzumzum" sobre uma possível saída dele. Ficamos a lamentar, pois a pasta da Cultura é sempre esquecida. Fica sempre sendo levada aquém da seriedade do poder público. Por conta de arranjos políticos, na gestão passada, por exemplo, tivemos entradas e saídas na pasta. O Guilherme Sampaio estava com um trabalho muito relevante na gestão e não sabemos se haverá outra pessoa com o mesmo pensamento, e a mesma disposição, para substituir.
Maria Teresa Feitosa Mendonça - Bibliotecária do acervo infantil da Menezes Pimentel
Algumas pessoas já comentavam que ele sairia. Mas estava aguardando a notícia oficializada. Ele é uma pessoa muito interessada e que se fazia muito presente no equipamento - participando de todos os momentos nos quais a presença dele era necessária. Mas é uma questão dele, precisou sair. Agora, vamos aguardar um novo nome para a pasta.
Herê Aquino - diretora e pesquisadora
O Guilherme teve muita boa vontade para estar junto da classe artística, conversar, e apontar perspectivas. Mas, de um tempo para cá, o diálogo tem ficado no plano das discussões. A efetivação do que foi discutido não era plena. Quase nada do que era falado foi feito e concretizado. Ficou muito no plano das discussões e faltou atitude.
O Teatro Carlos Câmara, o Pavilhão da Magnólia ocupou como residência aquele espaço, mas veio piorando muito em termos de participação do público, pois tem outras questões bem complexas. Não pode abrir (um espaço) simplesmente para teatro e dança. Tem que pensar o entorno. O Carlos Câmara sempre foi muito complicado de se levar alguém para lá. E isso foi sempre discutido, e a secretaria não conseguiu resolver. Iluminação, segurança, parada de ônibus…
O Cineteatro São Luiz praticamente começou há um ano. Então, ele ainda está no processo de formação. Acho que ainda está novinho para se falar sobre ele.
A minha vontade é que esses espaços sejam repensados com carinho, pois estamos cada vez com menos espaços em Fortaleza. Estou na torcida para que quem entre no lugar do Guilherme pense com a complexidade que esses espaços necessitam.
Almeida Júnior - Arte-educador da Companhia Acontece
Ele estava começando a mostrar o diferencial durante esse ano que passou. O Guilherme estava dando uma virada. Particularmente, acho que ele estava fazendo uma boa gestão. Uma gestão que além de ouvir, agia. No ano passado, os editais foram quase todos lançados. O último foi lançado agora e ele estava pagando duas ou três semanas depois dos editais. Tinha muita proposta para esse ano e para o próximo. Uma perda para o Estado. Fico surpreso e triste.
Fonte: O Povo
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