terça-feira, 22 de março de 2016

Cearenses criam personagem MC Zika para conscientizar jovens sobre epidemia


Um mosquito com um cordão de ouro e a letra “Z” seu pingente. Ousado, ele realiza protesto pedindo água parada, dá olé em quem tenta matá-lo com uma raquete elétrica, escolhe qual sintoma vai dar a pessoa que picar e ostenta na sua piscina de pneu com água parada e lixos ao redor. Esse é o MC Zika, personagem fictício criado por dois cearenses com o intuito de levar conscientização através do humor que é característico do estado.

A ideia veio dos publicitários Thiago Cruz, de 32 anos, e Emílio Amora, de 30 anos. “Há quase um ano eu tive zika. De tanto ficar deitado e sofrendo com os sintomas, eu acabei pensando que algo deveria ser feito com esse tema. Já que as pessoas parecem não ter consciência com algo que é tão sério, será que comhumor elas prestam atenção?”, explica Thiago, que posteriormente chamou o amigo Emílio Amora para participar do projeto.

A inspiração veio de páginas nordestinas consagradas comoSuricate Seboso e Bode Gaiato. Eles também se apropriam de temas do cotidiano, como fizeram com as manifestações do último domingo (13) e com o Dia Internacional da Mulher.

Imagens, gifs e futuramente vídeos são usados na página. Os criadores dedicam seu tempo livre para movimentar a fanpage. Como Emílio mora em São Paulo, eles se comunicam pelas redes sociais e se dividem entre as funções. Emílio é diretor de arte e faz as ilustrações, enquanto Thiago faz o texto a ser usado na peça.


“Já que as pessoas parecem não ter consciência com algo que é tão sério, será que com humor elas prestam atenção?” (Thiago Cruz)

O projeto é independente e o único objetivo é dar visibilidade ao tema para difundir a ideia de conscientização na luta contra o mosquito Aedes aegypti. Pelo monitoramento que realizam, os criadores perceberam que quase 100% do engajamento da página se dá com adolescentes abaixo dos 17 anos.

“A página acertou em cheio o público que a gente queria: os mais jovens, que, normalmente, ainda não têm muita consciência da gravidade da doença”, comenta Thiago. 

Com um filho de três anos e outro de dois meses, ele demonstra uma preocupação com o futuro. “Se algo acontecer, o de três anos já pode dizer o que está sentindo, mas e o de seis meses? Tenho vontade de colocá-lo em uma bolha para que ele fique imune à qualquer ameaça. Agora imagine as grávidas, que estão em um momento tão especial da vida e não podem curtir direito devido às preocupações”, lamenta.

Ele confessa que se tornou mais medroso ao mosquito depois de ter tido dengue e zika. Entre os sintomas, teve febre, dores no corpo, ânsia de fome e manchas vermelhas. No caso da zika, além destes, teve também muita coceira, o que mais o incomodou. “Depois que eu peguei a doença, vi que é pior do que o que vejo no jornal, pior do que eu já tinha ouvido falar. É muito importante que as pessoas se conscientizem de verdade”.

Fonte: Tribuna do Ceará

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