Entender a mente surrealista de Dali não é uma tarefa fácil. Porém, como você vê suas pinturas pode ajudar a ciência a decifrar os códigos do cérebro humano. Isso porque um grupo de pesquisadores da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, utilizou uma de suas obras para entender como o cérebro processa informações visuais.
Para isso, eles pediram para voluntários analisarem o quadro Mercado de Escravos com o Busto de Voltaire Desaparecendo do pintor espanhol. A pintura a óleo apresenta uma ilusão óptica intencional, em que o rosto de Voltaire é criado a partir da imagem de duas figuras. Embora seja possível ver ambas as figuras, geralmente, as pessoas veem uma delas primeiro.
Enquanto os participantes visualizavam a obra, os cientistas mapeavam as informações adquiridas pelo cérebro. Como esperado, o lado direito processou o lado esquerdo da imagem e vice-versa.
“Depois de cerca de 100 milissegundos de processamento pós-estímulo que o cérebro processa características muito específicas, como o olho esquerdo, o olho direito, o canto do nariz, o canto da boca (da pintura)”, explica Philippe Schyns, um dos autores do estudo, em entrevista à BBC.
Eles também notaram que os dois hemisférios começaram a se comunicar rapidamente para formar toda a pintura. Segundo Schyns, o cérebro demorou cerca de 200 milissegundos para reunir todas as informações.
Por ser uma pesquisa pioneira, ainda é preciso muito estudo para entender qual é o mecanismo que determina qual imagem deve ser vista primeiro.
No entanto, Schyns afirma que já existem muitas aplicações possíveis para a pesquisa. Uma delas é desenvolver a capacidade de robôs para processar dados visuais para que eles possam ver o mundo da mesma maneira que seus criadores.
E você, o que vê primeiro nesta pintura de Dali? Uma aglomeração de pessoas ou o busto do filósofo Voltaire?
Fonte: Exame
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