terça-feira, 14 de junho de 2016

Integrantes do PMBD pedem a extinção da EBC


Integrantes do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) pregam abertamente o fim da Empresa Brasil de Comunicação em conversas no Palácio do Planalto. A estatal criada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2007 se tornou um dos principais focos de disputa entre o governo do presidente interino Michel Temer e da afastada Dilma Rousseff. As informações são do Estadão.

A empresa, que possui atualmente mais de 2.600 funcionários, vive em situação de duplo comando desde que o Supremo Tribunal Federal determinou a volta do jornalista Ricardo Melo à direção. O profissional foi nomeado para mandato de quatro anos por Dilma, uma semana antes do afastamento da presidente. A decisão do STF reintegra Melo ao quadro diretivo, mas não revoga a nomeação do também jornalista Laerte Rímoli, assinada por Temer.

Rímoli assumiu a EBC com déficit de R$ 94,8 milhões e dívidas de R$ 20 milhões. No comando, passou a identificar apadrinhados dos governos do Partido dos Trabalhadores (PT) em cargos como 11 gerentes de si próprios e 30 coordenadores sem subordinados. O jornalista cortou duas das oito diretorias e reduziu de 42% para 33% os cargos ocupados por servidores de fora do quadro da EBC – a recomendação é de que o índice não passe de 30%. Também foram suspensos contratos de quase R$ 3 milhões anuais.

Porém, ao reassumir o posto, Melo recontratou apadrinhados petistas exonerados por Rímoli, como a mulher de Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde do governo Dilma e atual secretário de Saúde do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e nomes diretamente ligados ao ex-ministro da Secretaria de Comunicação Edinho Silva, como Mauro Maurici, superintendente de São Paulo cujo salário é de R$ 24,5 mil; e da superintendente do Rio, Marília Baracat.

Segundo Melo, não houve aumento de contratação desde que voltou à EBC e que, ao contrário, a proporção hoje entre funcionários do quadro e de cargos em comissão é de 32%, já que os recontratados ocupam vagas de demitidos da curta era Rímoli.

Melo não quis comentar a proposta do fim da EBC, defendida por aliados próximos de Temer, como informou o jornal O Globo. O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, classifica a empresa como “emblema do aparelhamento do PT no governo”, que só gera “desperdício de dinheiro”.

Lima afirma que a extinção da empresa ainda não é projeto de governo, mas de alguns integrantes da gestão do presidente em exercício. Para o ministro, a EBC – responsável pela gestão de duas emissoras de TV, sete de rádio e três portais na internet – deveria acabar e ter seus servidores concursados distribuídos por outros setores.

O secretário executivo do Programa de Parceria de Investimento (PPI), Moreira Franco, também defende o fim da companhia. De acordo com ele, foi encomendado estudo no Ministério do Planejamento sobre a viabilidade da EBC. Já a assessoria de Temer informa que o assunto não está em discussão na Presidência.

Representante dos empregados no Conselho de Administração da EBC, Edvaldo Cuaio apontou desperdício de dinheiro com a demissão e recontratação de profissionais na troca de comando entre Melo e Rímoli. Ele também critica os contratos de transmissão de jogos de futebol, orçados em R$ 17,8 milhões.

O Planalto solicitou auditoria, que está sendo feita nos contratos para transmissão exclusiva do Campeonato Paulista de Futebol da Série A3, Campeonato Paulista de Futebol Feminino e da Copa Paulista de Futebol. Também está sendo questionado o contrato das Séries B, C e D do Campeonato Brasileiro. Pelo menos 12 dos 40 jogos previstos já foram transmitidos. Moreira avalia que não faz sentido manter uma estatal com programação parecida com a das empresas privadas, citando como exemplo a cobertura esportiva.

Ex-ministro e pré-candidato do PT a prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva afirmou que os contratos de futebol foram assinados antes de sua gestão – um deles, o da A3 do Paulista, entrou em vigor em sua gestão na Comunicação Social. Ele também defendeu a transmissão dos jogos, pois representam “a maior audiência da TV Brasil”.

Fonte: Portal Comunique-se

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