O mundo ainda não se apercebia dos riscos que o meio ambiente sofria e o ambientalista Joaquim de Castro Feitosa já abraçava a causa com a pertinácia dos que sabem ser escolhidos para uma missão. Natural de Tauá, nascido na seca de 1915, formou-se em Agronomia e dedicou a sua vida a pesquisar, estudar e defender o meio ambiente, principalmente a caatinga nordestina e os rincões esquecidos dos Inhamuns. Para não deixar a sua história cair no esquecimento, a Fundação Bernardo Feitosa (nome em homenagem ao seu pai) lança o livro “Um tributo a Joaquim de Castro Feitosa: 100 anos”.
A publicação é da Imprensa Universitária, da Universidade Federal do Ceará, organizada por sua filha, a geóloga Fátima Feitosa e Maria Salete Vale Farias, secretária da fundação, que é presidida pela companheira de toda uma vida, Dona Dolores Feitosa. O lançamento será às 19 horas do dia 10 de novembro, no Auditório Murilo Aguiar, na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.
“É sempre bom revisitar o passado, revisitar nossas memórias. A saudade impera, mas ao fazê-lo abro meu coração para captar as doces e sutis imagens da minha infância, amareladas pelo tempo, mas ainda vivas e presentes”. É assim que Fátima Feitosa se dirige ao pai em seu artigo “Ao viajante Feitosa”, uma carta onde ela fala da falta que ele lhe faz e conta como as coisas estão por aqui. Dona Dolores o chama de “O guardião de memórias”, mostrando a importância que tem hoje o seu cuidado em guardar coisas para a posteridade. “Para o “guardião” tudo que direta ou indiretamente remetesse à memória de qualquer gênero, ou à história, sutil ou esclarecidamente mereceu dele um empenho especial”. O livro é assim, de pedaços de lembranças dos que com Seu Feitosa conviveram e ao seu lado labutaram na defesa do meio ambiente.
Os amigos vão se sucedendo em suas lembranças a Feitosinha, como era carinhosamente conhecido: João Alfredo Teles, Adelaide Gonçalves, Eldair Maria Cavalcante Gonçalves, Alane Vale Farias e João Álcimo Viana Lima. A publicação compila artigos escritos pelo homenageado e publicados nos jornais cearenses. Os temas abordados são quase sempre denúncias de desrespeito ao meio ambiente como “Agropecuária fantástica, o algodão rouba o sangue da terra”; “Ações que aceleram o desequilíbrio dos Inhamuns” e “Fome – Desertificação – Fome”. Seguem-se poemas e cordel enaltecendo os seus feitos e o seu amor à terra.
Mais sobre Feitosinha
Joaquim de Castro Feitosa nasceu em um ano de seca que entrou para a história, 1915. Casou-se com Dolores com quem teve quatro filhos. Formou-se em Agronomia pela UFC. Ambientalista de primeira hora, realizou pesquisas e cursos e produziu várias publicações técnicas e científicas sobre o clima do sertão, seca, juazeiro - pragas e manejo, caracterização do solo do sertão, construção de açudes, criação de cabras e muito mais. Fundou, em 1974, a Sociedade Cearense de Defesa da Cultura e do Meio Ambiente - Socema.
Idealizou e instituiu a Fundação Bernardo Feitosa, mantenedora do Museu Regional dos Inhamuns. É detentor de diversas comendas e honrarias, entre elas a Medalha Chico Mendes, honraria do Governo do Estado do Ceará. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente criou o Prêmio Ambientalista Joaquim Feitosa, destinado a homenagear pessoa física ou jurídica que atua na preservação e conservação do Bioma Caatinga.
Serviço
Lançamento do livro “Um tributo a Joaquim de Castro Feitosa: 100 anos”
Data: 10 de novembro de 2016
Horário: 19 horas
Local: Auditório Murilo Aguiar, na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará
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