Os resultados das pesquisas desenvolvidas pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Museu Dom José e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) sobre a distribuição geográfica de registros fósseis na região do semiárido cearense – com mais de 20 ocorrências, nos municípios de Ipu, Pacujá, Reriutaba e Santana do Acaraú – foram apresentados no IX Congresso Latino-americano de Paleontología, realizado no período de 20 a 24 de setembro, em Lima, Peru.
O trabalho intitulado “Uma biota fóssil na Formação Ipu (Eossiluriano da Bacia do Parnaíba) e sua importância estratigráfica regional no Noroeste do Ceará” faz parte do projeto de doutorado do estudante, egresso do Curso de Ciências Biológicas da UVA, Francisco Rony Gomes Barroso, com orientação da Prof.ª Dr.ª Sônia Agostinho e Prof. Dr. Mário Filho. Na UVA, o estudo é desenvolvido pelo aluno do Curso de Ciências Biológicas, Jarbas Negreiros de Pereira, bolsista de Iniciação Científica, com orientação da Prof.ª Dr.ª Somália Sales Viana. “A pesquisa traz informações sobre a natureza e o modo de vida dos organismos, condições paleoambientais e a causa da morte, há cerca de 440 milhões de anos”, explica a professora Somália.
As pesquisas indicam que os fósseis descritos são, provavelmente, anêmonas-do-mar, que são cnidários antozoários da Ordem Actiniaria, de corpos moles com morfologia similares, apresentando coluna, disco oral e região aboral, vivendo em ambientes aquáticos com influência marinha ou em mar aberto.
De acordo com a pesquisa, em todas as localidades visitadas, as anêmonas-do-mar fósseis apresentam-se como associações e formas solitárias de organismos que viveram enterrados (endobentônicos) em substratos moles, em associação com organismos vermiformes que se locomoviam e deixaram apenas suas pistas ou vestígios como icnofósseis. “As águas eram rasas, possivelmente de um ambiente transicional, como estuário, com marcas de ondas, porém de alta energia, transportando sedimentos grossos, até maiores que o tamanho do grão de areia”, explica Somália, sobre o ambiente primitivo em que viveram as anêmonas fossilizadas, cujas características ambientais “são compatíveis com as rochas da unidade estratigráfica ''Formação Ipu'', do Grupo Serra Grande, da Bacia do Parnaíba”, acrescenta.
A descoberta das anêmonas fossilizadas é importante, de acordo com a orientadora da pesquisa na UVA, pois “a preservação desses fósseis é incomum, pois em geral corpos moles não são preservados em ambientes com grãos grossos, porém o rápido soterramento, que também causou a morte da biota, evitou a decomposição e a exposição a agentes externos. Além disso, há poucas ocorrências desses fósseis no mundo, sendo a primeira no Brasil e no período Siluriano, uma vez que essa biota viveu entre 436 a 443 milhões de anos, na Era Paleozoica”, afirma a professora Somália.
As pesquisas foram iniciadas em 2003 pela Universidade Estadual Vale do Acaraú e Museu Dom José e, desde 2012, estão sendo desenvolvidas também na Universidade Federal de Pernambuco. A pesquisa envolve, ainda, os pesquisadores Thomas Fairchild e Antonio Carlos Marques (USP) e Liza Mírian Pacheco (UFSCar). A coleção paleontológica, com 138 espécimes catalogadas, está depositada no Museu Dom José, em Sobral.
Fonte: Assessoria de Comunicação e Marketing Institucional da UVA
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