Foto | UNICEF
“Minha matéria preferida é pintar e desenhar no quadro”. É o que Ágata Melo, de 8 anos, responde quando conta o que gosta de estudar. “Ágata é uma criança carismática, gosta de fazer tudo: andar de bicicleta, ir para o colégio... chega a chorar quando não tem aula!”, conta a mãe dela, Claudenice Cardoso.
Mas a pandemia da COVID-19 trancou todo mundo dentro de casa em 2020 e as aulas presenciais no ensino municipal no pequeno município de Vigia, no Pará, foram suspensas. Para piorar as coisas, a família de Ágata passou um tempo em outra cidade por conta de um problema familiar. A garota então perdeu não só o contato com professores e colegas, mas também o ano letivo.
A Secretaria de Educação de Vigia, cidade com pouco mais de 50 mil habitantes, decidiu fazer um plantão de Busca Ativa Escolar no município e ir atrás de cada menina ou menino que não estava assistindo às aulas. “A plataforma da Busca Ativa Escolar trazia as crianças que estavam evadidas. E tivemos que cuidar também das crianças que já estavam na escola, mas corriam o risco de evadir na pandemia”, explica Marcia Figueiredo, coordenadora operacional da Busca Ativa Escolar na cidade.
E a missão começou: a pé, de bicicleta, moto ou carro, diretores e professores de todas as escolas, do campo e da cidade, foram às ruas. Usando máscaras e tomando os cuidados necessários para a prevenção da COVID-19, bateram de porta em porta para encontrar crianças fora da escola ou com dificuldades de continuar aprendendo em casa.
Em uma das casas estava Ágata, que foi rematriculada no primeiro ano e agora recebe da professora os materiais para continuar estudando. “Eu fiquei muito feliz”, conta ela, sorriso estampado no rosto. “Está sendo fácil e difícil, porque às vezes, quando estou escrevendo, esqueço um pouquinho das coisas que a professora me passa”, conta. Mas as dúvidas são resolvidas todas as semanas, quando a professora leva novas atividades. “Às vezes ela fica um pouquinho ou muito e depois vai embora”, relata.
Girassol - Quando voltou para a escola, Ágata deu nome a um novo girassol plantado em Vigia. Assim como ela, desde o início da pandemia, outras 81 crianças e adolescentes do município já foram encontrados pela equipe de Busca Ativa Escolar e rematriculados, em um esforço conjunto de professores, coordenadores pedagógicos, diretores e gestores.
“Eu ensino, o pai também ensina um pouco... A gente vai se virando como pode”, conta a mãe Claudenice. Emocionada, ela fala sobre a importância dos estudos na vida da filha: “Quero um futuro brilhante pra ela”. Se depender de Ágata, ela terá. E como advogada, responde rápido quando conta o que vai ser quando crescer.
Busca Ativa - A Busca Ativa Escolar é uma estratégia que colabora com municípios e estados para enfrentar a exclusão escolar, desenvolvida pelo UNICEF e pela União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com o apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
A intenção é apoiar os governos na identificação, registro, controle e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão. Por meio da Busca Ativa Escolar, municípios e estados têm dados concretos que possibilitam planejar, desenvolver e implementar políticas públicas que contribuem para a inclusão escolar.
Fonte: brasil.un.org
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