Votações do ajuste fiscal e da reforma política abalaram o controle de Temer, Renan e Cunha sobre os congressistas.
A ansiedade do senador tucano Aécio Neves provocou o fracasso do “impeachment já”, da presidenta Dilma Rousseff, pretendido pela faminta oposição longe do poder central há mais de 12 anos. Os tucanos recuaram desse intento. Nem tão rápido para não parecer derrotado e nem tão lento para camuflar a desistência. Para isso, usaram o parecer oferecido pelo advogado Miguel Reale, o Júnior.
A orientação dada por Reale Júnior aos líderes do PSDB, PPS, DEM e Solidariedade (SD) foi a de bater à porta do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com um pedido de investigação criminal da presidenta. Resta esperar o resultado.
No calor da crise política, marcada por passeatas e panelaços de uma parte majoritária da classe média, inculta e burra o suficiente para pedir a intervenção dos militares no processo, o governo desorientado abriu espaço político para um “golpe branco” dado pelo PMDB, o maior, mais influente e mais ambicioso partido da base governista.
No comando do Senado, Renan Calheiros transmutou-se. De vilão passou a ser saudado como herói pelos gritos das galerias em certo momento das votações. O grupo só foi identificado com a ordem do deputado paulista Paulo Pereira da Silva, comandante da Força Sindical. Sem batuta ele gesticulou como desajeitado maestro para que a galeria calasse a boca após a gritaria.
Na Câmara, o presidente da casa, Eduardo Cunha, botou para quebrar. Fez andar velhas propostas milimetricamente selecionadas que dormitavam. Uma delas foi a PEC da Bengala feita para agradar aos ministros dos tribunais superiores e desagradar a Dilma. Ela não indicará os próximos cinco ministros do STF no curso dos quatro anos de mandato presidencial.
Um aparte importante. Renan Calheiros e Eduardo Cunha, citados na Operação Lava Jato, carregam, por isso, o risco da espada sobre o pescoço. Resta também esperar o resultado.
A eles juntou-se outro peemedebista. A pedido de Dilma e Lula, o vice-presidente Michel Temer, ganhou a função de articulador político. A presidenta e o ex-presidente, petistas, foram forçados a ceder controle político ao PMDB.
Temer, na geladeira em todo o primeiro mandato, ficou encarregado de desfazer a confusão reinante. Aproveitou para dar um empurrãozinho no projeto de mudança do voto: o chamado “distritão”.
Foi derrotado na Câmara onde Cunha já tinha cometido uma vilania inédita ao fechar a Comissão da Reforma Política. Levou o troco.
Simultaneamente a esse insucesso sucederam-se outros. Cunha tentou incluir na Constituição a doação de empresas aos candidatos. Perdeu.
Renan foi atropelado no Senado na votação da Medida Provisória 665. Ganhou Dilma Rousseff. A aprovação endurece as regras do abono salarial e do seguro-desemprego.
O poder do triunvirato peemedebista, porém, começou a ficar abalado. Cabe resgatar nesse caso, por cautela, um dito popular: nem tudo que balança cai.
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