quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O reencontro histórico entre Raimundo Cela e o Museu Nacional de Belas Artes


"É uma honra e uma grande alegria termos de volta Raimundo Cela no Museu Nacional de Belas Artes." Assim, lançando mão de uma mais que justificável metonímia e marcando suas frases com evidente entusiasmo, a diretora do museu carioca, Monica Xexéo, abriu a exposição retrospectiva do mestre cearense – e brasileiro – na noite da última terça-feira (27), no Rio de Janeiro. De fato, era como se Cela estivesse lá. E todo o Ceará, também.

As 70 obras caprichosamente dispostas por duas salas do museu encheram o ambiente com a luz cearense, tão bem captada e expressa por Cela, grande contemplador do litoral e de sua gente. Completava-se ali um ciclo histórico, 71 anos após a primeira exposição individual do artista e 50 anos após a última, ambas no mesmo Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), onde entrou como aluno, em 1910, e voltou como professor, lecionando até 1954, ano de sua morte.

Ao mesmo tempo, a noite marcava um novo momento, em que se almeja levar o legado de Cela a um maior conhecimento do público, em uma espécie de justiça histórica e artística a seu talento peculiar. Classificando-o como "um dos nomes mais importantes da arte brasileira", Monica Xexéo falou da importância das novas gerações terem contato com a obra e ressaltou que um dos principais objetivos do MNBA é promover esse resgate.

Curadora da exposição, Denise Mattar – reconhecida produtora e empresária no campo das artes visuais – disse que, no convite que fez a amigos ligados à área artística, reforçou: "Você não conhece esse artista; precisa conhecê-lo". Segundo ela, revisitar Raimundo Cela faz parte de uma tendência atual das artes brasileiras, "uma retomada muito importante", em que se busca redescobrir a obra e a influência de artistas que fizeram a transição entre o clássico e o moderno, na primeira metade do século XX.


MUSEU DE ARTE DA UFC 
O equipamento que mais emprestou obras à exposição de Cela no MNBA foi o Museu de Arte da UFC (MAUC) – 18 das 70. O MAUC, inclusive, dedica uma de suas salas para exposição permanente dos quadros e gravuras do artista.

No evento de abertura, a Universidade Federal do Ceará foi representada pela museóloga do MAUC, Graciele Siqueira. Em seu discurso, redigido pelo diretor do MAUC, Prof. Pedro Eymar, ela destacou a relação histórica entre Cela e a UFC, iniciada em 1957. Naquele ano, o então reitor e fundador da Universidade, Antônio Martins Filho, transformou o salão nobre da Reitoria em espaço expositivo, reunindo obras de Raimundo Cela e Vicente Leite. A obra de Cela, disse Graciele, contém o preceito empreendedor sintetizado por Martins Filho ao falar da essência da Universidade: "O universal pelo regional". Comprada da família do artista, a coleção de Cela foi a primeira a compor o acervo do então recém-instalado MAUC, em 1960.

Após destacar o orgulho da UFC em contribuir para dar maior visibilidade à imagética de Cela, Graciele concluiu: "O regional e o universal, pela arte deste mestre brasileiro, estão aqui de mãos enlaçadas".

Antes de chegar ao Rio de Janeiro, a exposição "Raimundo Cela, mestre brasileiro" esteve em cartaz em São Paulo, no Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). No Rio, a mostra segue até 20 de novembro. Em seguida, as obras emprestadas pela UFC retornam ao MAUC.

Fonte: Portal da UFC

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