quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Novo relatório da UFC sobre a fosfoetanolamina, a "pílula do câncer", é divulgado


Um novo relatório sobre a fosfoetanolamina produzido pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará foi divulgado nesta quarta-feira (17), juntamente a dois outros documentos do tipo, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O trabalho buscava investigar o efeito do composto conhecido como "pílula do câncer" sobre o melanoma B16F10 (tipo de câncer de pele) inoculado em camundongos. O resultado mostrou uma eficácia de redução de 64% sobre o crescimento do tumor, índice inferior ao constatado com substância já utilizada em tratamento de câncer.

O melanoma é um dos tumores de pele mais agressivos, devido ao seu elevado potencial metastático (quando o tumor se espalha pelo corpo) e sua baixa resposta a terapia. O estudo, coordenado pelo Prof. Manoel Odorico de Moraes, da Faculdade de Medicina da UFC, tinha o objetivo de estudar o potencial antitumoral da fosfoetanolamina sintética sobre o melanoma B16F10, que tem sido usado como modelo animal de tumor imunogênico para estudo de imunoterapia em tumores experimentais.

A fosfoetanolamina foi administrada por via oral em cinco grupos de 10 camundongos. Após a inoculação do tumor, o tratamento dos animais foi feito por 16 dias consecutivos, com aplicação de 0,5 ml do composto em doses de 200, 500 e 1.000 mg/kg de animal. Além dessas, outro grupo recebeu doses de soro fisiológico 0,9% (veículo usado para diluição da fosfoetanolamina), como controle negativo, e um último recebeu ciclofosfamida 25mg/kg, substância já utilizada em tratamento de câncer, como controle positivo.

O estudo concluiu que a fosfoetanolamina sintética não apresentou efeito antitumoral nas doses de 200 e 500 mg/kg nos animais. No entanto, a dose de 1.000 mg/kg foi eficaz em reduzir em 64% o crescimento do melanona. Apesar do resultado significativo, esse percentual ainda é inferior ao observado com a ciclofosfamida, que inibiu o crescimento tumoral em 93%. Todos os animais do controle negativo apresentaram crescimento do tumor, o que, aliado à redução significativa dos camundongos tratados com ciclofosfamida, valida o estudo. Os exames histopatológicos ainda em curso confirmarão a ausência ou não de metástases e complementarão os resultados do relatório.

Segundo o Prof. Odorico Moraes, embora seja um resultado alentador, muitas outras substâncias apresentam atividade anticâncer bem superior ao resultado encontrado com a fosfoetanolamina e somente os testes em seres humanos poderão comprovar, definitivamente, a sua eficácia e segurança no tratamento do câncer.

OUTROS ESTUDOS – O MCTIC também divulgou outros dois relatórios. Um documento trata do desenvolvimento e da validação da metodologia analítica para a quantificação da substância em plasma de rato e a aplicação dela nos estudos de farmacocinética, enquanto o outro aborda a avaliação do perfil farmacocinético da fosfoetanolamina sintética produzida pela Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, e a fosfoetanolamina padrão sigma em plasma de ratos. Ambos foram realizados pelo Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP).

Juntamente ao Ministério da Saúde, o MCTIC coordena uma iniciativa federal para pesquisar a fosfoetanolamina.

Fonte: Portal da UFC

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