terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Cearense divide rotina de filho prematuro com quase 9 mil seguidores e ajuda mães na Internet


A gestação normalmente é um período de muitas descobertas e preocupações para os pais, mesmo quando o ciclo acontece dentro do esperado. Entretanto, a jornalista Marina Maia e o programador Jairo Ferreira se viram dentro de um turbilhão de emoções ao exames constatarem, aos seis meses, que o processo de crescimento do filho Theo não estava correndo como previsto.

Por Marina ter um útero unicorno, quando o órgão tem 50% da capacidade, o desenvolvimento do bebê foi comprometido. “Com 27 semanas era pra ele estar pesando 1.200 kg e ele só pesava 643 gramas. Fiquei em choque, chorei muito e precisei ficar de repouso relativo”, lembra Marina. Repouso relativo é quando a grávida pode se levantar para ir ao banheiro, comer e tomar banho. De acordo com estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a prematuridade é quando a criança nasce antes de ter completado 37 semanas de gestação. No Brasil, 340 mil bebês nascem prematuros todo ano, equivalente a 12% dos nascimentos no país.

A experiência que poderia ter sido traumática foi transformada em algo positivo. Marina percebeu que poderia ajudar outras mães ao dividir a rotina do filho nas redes sociais e criou o perfil Diário de Prematuro. “No inicio, contei minha historia com ele e as pessoas foram seguindo e gostando. Comecei com 600 seguidores e agora já somos quase 9 mil seguidores. Geralmente, faço fotos com ‘antes e depois’ dele e a evolução é incrível”. Além de Fortaleza, o perfil é acompanhado por pessoas de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Alagoas, Portugal, Canadá, Uruguai e Estados Unidos.

Os conselhos repassados na página virtual são acompanhados por profissionais da saúde. Theo é acompanhado por pneummologista, oftalmologista, fonoaudiólogo, pediatra, gastropediatra e, duas vezes por semana, por fisioterapeutas.

A jornalista pontua que a troca de informações com mães, avós e babás é diária. Ela conta que a maioria das mensagens são “Para agradecer pela iniciativa de falar sobre maternidade e prematuridade. Um tema que normalmente não é tratado nas redes sociais”. No meio de tantas histórias de superação, Marina recorda de uma em especial.”Uma mãe me enviou um e-mail dizendo que tinha perdido o filho prematuro dela por causa de uma hipertensão pulmonar e que a minha página resgatou o desejo dela de ser mãe novamente”.

Preconceito e mudança de vida
Além de terem a rotina sacudida pelo nascimento prematuro do filho, não é raro os pais também passarem a sofrer preconceito. Marina diz ser recorrente as pessoas fazerem “cara de dó” ao ver o menino magrinho e comprido. “Eu sempre tenho que explicar que ele foi prematuro, passou 100 dias na UTI, senão elas não entendem. Tento lidar da melhor forma possível, mas às vezes me falta paciência. As pessoas não tem noção e algumas são até maldosa”.

Os problemas do cotidiano são minimizados diante do aprendizado diário após o parto. “Theo é um milagre. Quantas e quantas vezes saía arrasada da visita, mas me fortalecia muito através das orações e louvores”.

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