sábado, 20 de junho de 2015

''Homofobia ou cristofobia''


Sobre liberdade de expressão, meu velho pai tem uma frase ótima: ”O meu direito de esticar o braço termina na ponta do nariz da pessoa ao lado”. Sobre orientação sexual, Sigmund Freud já dizia: “Negar a própria sexualidade é negar a própria existência”. Sendo assim, cada sociedade, em cada época, só pensou naquilo, cada um à sua maneira. 

Vá bem... Cada um tem o direito de fazer o que bem quer nessa área. Nelson Rodrigues já diria: “Se todo mundo soubesse o que cada um faz entre quatro paredes ninguém cumprimentava ninguém”. O problema é que aquilo que é para ser feito em quatro paredes sai do quarto e vai para o meio da rua, é o que bem se viu nessa última parada gay. Fala-se em orgulho gay. Bem curioso é o depoimento do finado Clodovil, também gay, sobre o assunto em vídeo facilmente encontrado no Youtube. “Não tenho orgulho nenhum de ser gay, tenho orgulho de ser o que sou”. Por que não se faz uma parada hétero? Pelo óbvio, não se pode homogeneizar todas as pessoas que seguem uma determinada orientação sexual. Será que todos homossexuais e simpatizantes se sentem representados quando veem um cristo beijando outro homem na cruz ou um crucifixo ser introduzido no ânus de outro? Não há homossexuais que se consideram cristãos? 

É fundamental que se respeite principalmente as verdades individuais. Cada um tem o direito de viver a sua vida como bem entende. Direito que inclusive a bíblia sagrada garante: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm”. (1 Coríntios 6:12). Isso é o livre arbítrio. Cada um julgue o que é conveniente ou não fazer e arque com as conseqüências de suas escolhas. Na contramão disso, Dostoiévisk diria: “Se Deus não existe, então tudo é permitido”. Caro Fiódor, sinto desapontá-lo, mas creio que Deus existe e que nem tudo é permitido. Para quem não crê na eficácia da lei de Deus, existe a dos homens, embora também bastante desacreditada tantas vezes. Assim como deve ser considerado crime ofender, espancar e matar homossexuais, e nenhum cristão de bom senso compactua com tais barbáries, é crime vilipendiar a fé alheia. Liberdade de expressão é simplesmente pensar diferente e se respeitar, como a apócrifa máxima de Voltaire: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você diz, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”. O fato de um padre ou pastor dizer que homossexualidade é pecado não inviabiliza o direito de cada um desfrutar da sua sexualidade como bem entende. Nunca vi um líder religioso atear fogo na bandeira colorida da diversidade ou usar um boneco do Jean Wyllys como Judas, ou tampouco vejo cristãos dando bibladas dentro das boates gays. É preciso respeitar espaços para que haja harmonia.

Quem está feliz com a própria homossexualidade que continue com ela. Mas embora a mídia não mostre, muitos não estão e procuram as igrejas cristãs. E para a descrença e sarcasmo da maioria, tornam-se héteros. Por isso o evangelho precisa continuar sendo pregado, para que todas as pessoas possam ter o direito de conhecer uma verdade diferente das que foram apresentadas a elas.

Não concordar com princípios bíblicos não inviabiliza o \cristianismo. Jesus, que hoje também seria considerado homofóbico, ensina que quando alguém não quiser ouvir as nossas palavras, é só sacudir a poeira dos pés e seguir em frente. Agora destruir símbolos cristãos ou utilizá-los como apetrechos sexuais ofende a fé de milhões de pessoas e causa dor a muita gente. Uma dor que não dói menos que as dores causadas pelos crimes de homofobia. Se muita gente já matou em nome de Cristo, hoje muita gente tem voltado a viver em nome dele. Homofobia precisa ser combatida, sim, mas não com Cristofobia.

 Correio do Estado - por Thiago Cyles da Silva Oliveira - Professor e mestre pela UEMS  

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