A Campanha pós-campanha
Antigamente em Sobral, quando um candidato a prefeito, perdia a eleição, era costume na madrugada posterior a apuração dos votos, soltar bomba na porta dos apoiadores contrários. Quando em 1992 o Kinkão derrotou o Zé Prado numa disputa extremamente acirrada, foi bomba pra todo lado.
Lembro-me como se fosse hoje, Sr. Ribamar Costa (meu pai) carregando todo mundo no seu Corcel vermelho, batizado carinhosamente pela família de “batonsinho”, para a casa da nossa avó paterna, para que não ouvíssemos as bombas que haveriam de explodir na nossa calçada, por conta da forte ligação do Zé Prado com nossa família.
Não se tratava de algo violento, mas puramente um costume que era visto por todos como uma grande brincadeira e no final todos voltavam à vida normal e assim retomavam-se as amizades arranhadas durante a campanha com respeito e hombridade.
Hoje em dia quem solta bomba é quem perde. Não mais movidas à pólvora de fogos de artifício, e sim com acusações, suposições, calúnias e mentiras, como um namorado trocado por outro pela namorada e que não suportando a perca, agride e ofende seu rival de modo traiçoeiro, e diferente de antigamente, com extrema violência.
O verdadeiro vencedor se conhece na hora da derrota, a grandeza de superar este momento com sabedoria, lhe rende credibilidade e respaldo para novos desafios. A campanha pós-campanha não ajuda em nada o processo democrático, ao contrario, cria-se um sistema golpista financiado pelo recalque da derrota, que usa das piores práticas para atingir seus adversários.
Críticas devem existir, até para o melhoramento dos serviços, mas elas devem vir de forma propositiva, que contribua de alguma forma para o bem comum, e não mascarada com finalidades políticas e pessoais.
O Eleitor dos dias atuais, não vota por uma rede ou um corte de tecido como acontecia antes, os currais eleitorais não mais funcionam, muito menos a figura do cabo-eleitoral, que vendiam a consciência dos eleitores como se as detivessem. Estamos às vésperas de uma reforma política, que emerge diante de uma necessidade da sociedade de banir práticas arcaicas que fortalecem a mediocridade de alguns políticos.
Que as bombas de hoje seja de comemoração pela Democracia plena em que vivemos no nosso país, fruto da luta de pessoas que deram suas vidas para que hoje o povo tivesse o poder de eleger seus governantes, e só ao povo com o voto livre, cabe essa legitimação.
Por Alexsandro Costa
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