O jornal americano The Washington Post publicou reportagem na última sexta-feira (29/5) sobre o parlamento brasileiro. O personagem principal é o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é chamado de "Frank Underwood brasileiro", em referência ao protagonista corrupto da série "House of Cards", exibido pela Netflix.
Intitulado “O ‘Frank Underwood’ brasileiro dá suporte ao governo ou quer derrubá-lo?”, o texto de Dom Phillips menciona que Cunha é "evangélico cristão" e toca bateria. Segundo a matéria, a ação parlamentar do político coloca em xeque a base aliada e abre "fissuras amplas nas alianças frágeis" do governo de Dilma Rousseff (PT).
Ao abordar a reforma política pautada por Cunha, a reportagem pontua que ele rejeitou o trabalho da comissão especial e levou as proposições direto para plenário. O texto também menciona as decisões da Câmara, como a que elevou de 70 para 75 anos de idade-limite da aposentadoria compulsória de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outros cargos.
O cientista político José Álvaro Moisés, da Universidade de São Paulo (USP), avaliou o momento da política brasileira como um divisor de águas. "A oposição não está cumprindo bem o seu papel. Então esse espaço está sendo ocupado pelo PMDB", observou em entrevista ao jornal.
O Post lembra ainda que Cunha recebeu doações da Camargo Corrêa, uma das construtoras investigadas na Operação Lava-Jato, na campanha de 2010, e que a senha do computador dele na Câmara foi usada para fazer um requerimento com pedido de informações a uma empresa suspeita de pagar propina a políticos com dinheiro desviado da Petrobras.
Para Rodrigo Motta, professor de história da Universidade Federal de Minas Gerais e autor de livro sobre o PMDB, o presidente da Câmara não tem ideologia. "Ele não tem nenhuma ideologia. A sua ideologia é a do poder", opinou.
Segundo a publicação, concorrer contra o PT nas eleições de 2018 pode significar uma disputa com Lula, já que Dilma está no segundo mandato e não pode mais se reeleger. O texto diz ainda que Cunha fez sucesso com o pensamento conservador brasileiro ao defender ideais no intuito de agradar multidões com a redução da maioridade penal para 16 anos e ao defender a criação de um "dia do orgulho hétero".
Em recente entrevista ao Valor Econômico, o deputado comentou sobre sobre as diversas analogias ao personagem de "House of Cards". “Eu vi essa série. Existem três diferenças clássicas, ali: o cara é um assassino, o cara é um corrupto e o cara ainda é um homossexual. Não dá para eu aceitar essa comparação. É ofensiva”, disse.
Fonte: Extra
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