quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Faculdades INTA promove retaliação aos alunos contrários à realocação dos cursos



O Instituto Superior de Teologia Aplicada (INTA), Sobral - CE, instaurou nesta segunda-feira, 30, uma Comissão de Sindicância Administrativa que intimou alunos do curso de Jornalismo a prestarem esclarecimentos por, segundo a Instituição de Ensino Superior (IES), denigrirem a imagem da faculdade ao se manifestarem contra a realocação dos cursos de História, Jornalismo, Pedagogia e Serviço Social da Sede para o Anexo Parque da Cidade.

O caso ocorreu no início de janeiro deste ano, após forte articulação nas redes sociais informando sobre os problemas que implicavam a realocação de tantos alunos para uma área perigosa da cidade, sem estrutura adequada e longe de qualquer mobilidade urbana, os estudantes propuseram discutir a decisão com o setor jurídico das Faculdades INTA que, em nota, revogou a mudança e assegurou a permanência dos cursos envolvidos no prédio sede.

Contudo, a conquista dos acadêmicos não alegrou o Diretor Presidente da faculdade, Oscar Rodrigues Junior, que pediu a criação da comissão como forma de retaliação aos alunos envolvidos com o movimento. Presidida pelo Pró Diretor de Segurança Institucional (PROSEGI), Cel. Raimundo Tadeu de Araújo, a sindicância já notificou alguns alunos para depor sobre publicações nas redes sociais onde os mesmos sofrem acusação por difamarem a instituição.

Notificados através de uma carta ofício, os alunos também foram chamados pela coordenação do curso de Jornalismo que informou “existir um coronel que desejava falar com os mesmos”. A comissão, inclusive, escolheu a própria coordenação do curso para depor contra os alunos envolvidos, uma verdadeira articulação para oprimir os alunos que expressaram sua indignação com a mudança dos cursos sem nenhum acordo, uma clara tentativa de punir e silenciar, da maneira mais hostil, alunos que pagam pelos serviços prestados, que podem e devem manifestar sua insatisfação sobre qualquer produto que consumam, além de estarem assistidos pelo direito constitucional à liberdade de expressão.

O que é curioso é que mesmo sem nenhum aluno ter atentado contra a segurança ou o patrimônio do espaço durante o período de reivindicação, visto que a campanha foi virtual, a comissão de sindicância é composta por membros da segurança do patrimônio da instituição e não pelo jurídico, o que reforça a ideia de punir a qualquer modo, desde que o faça.

Ou seja, o que ocorre é uma clara tentativa de intimidar os alunos por parte da própria instituição, um caso inadmissível dentro de qualquer esfera, sobretudo, a educacional que deveria preservar o diálogo e não incitar o ódio, a passionalidade e métodos pouco harmoniosos de gerir as relações com seu corpo discente. Estamos diante de uma cena explícita de violência simbólica, uma IES que utiliza sua estrutura e funcionários para coibir qualquer um que expresse opinião contrária a institucional, um quadro de repressão dentro do Ensino Superior sobralense, resquícios de uma ditadura mais elaborada, é preciso ficar alerta!

O caso está em andamento e terá duas audiências, uma nesta quarta-feira, 01, onde as testemunhas de acusação escolhidas pelas Faculdades INTA prestarão depoimento e outra na sexta-feira, ocasião onde os alunos apresentarão sua defesa. Caso sejam comprovados os atos de difamação, maior empenho da faculdade neste momento, os estudantes sofrerão a quebra de contrato, em outras palavras, serão expulsos sem quaisquer direitos, tudo isso porque foram corajosos em discordar da excelência de ensino vendida pela instituição, que a essa altura, não convence mais ninguém.

DETALHES
- O texto acima foi enviado por email ao blog Sobral em Revista, por um aluno da instituição, que terá sua identidade preservada para que não possa sofrer retaliações como estão sofrendo seus colegas.

- A OAB Sobral foi comunicada da situação e deverá disponibilizar apoio jurídico aos estudantes que estão sendo ameaçados.

Fonte: Sobral em Revista

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