Exames radiológicos foram solicitados pela Polícia Civil para verificar a suposta existência de uma cápsula do material radioativo Césio 137 na Delegacia Regional de Sobral (Região Norte). Um inspetor que trabalha na delegacia e preferiu não se identificar informou que foram registrados quatro casos de câncer, com duas mortes, entre os policiais da unidade. Isso levantou a suspeita de que algo no prédio, em que já teria funcionado um posto de saúde, estaria contaminando os profissionais.
“Em uma das salas, funcionava o raio-x e, supostamente, existiria uma cápsula de Césio 137. A delegacia foi reformada e essa sala fica ao fundo, ao lado dos xadrezes dos presos”, relatou inspetor. O policial diz que há mais de seis anos um inspetor da Polícia, chamado Flávio Cordeiro, faleceu acometido de câncer. “Ele dormia nessa sala, atendia pessoas lá. Mais dois inspetores também contraíram câncer, mas estão vivos”.
O último caso de morte causada por câncer entre funcionários da delegacia aconteceu no fim de 2015, com o escrivão José Gentil Gondim Filho. “Aí se levantou essa suspeita. Nunca ninguém fez vitorias, se existe ou não”, comentou. A assessoria de imprensa da Polícia Civil nega essa informação. “Ressaltamos que não há estudos que comprovem a contaminação de material radioativo ligado ao Césio 137 na unidade. A Secretaria da Saúde do Estado e a Vigilância Sanitária do município realizaram exames no local, há dois anos, que não constataram qualquer nível de radiação”, informa, em nota. Por causa dos relatos recentes, serão solicitados os novos exames.
Especialista
Para o chefe da Comissão Nacional de Energia Nuclear no Ceará, Júlio Ricardo Barreto Cruz, esse deve ser um “alarme falso”. “Mesmo assim, foi determinada uma Averiguação de Ocorrência Radiológica, e enviaremos um técnico à cidade para que sejam feitas leituras de radiação na área e descartada a possibilidade de contaminação”.
O doutor em energia nuclear afirma já ter entrado em contato com o delegado da unidade. Avaliando as fotos do local, acredita que haja a base da coluna de um antigo aparelho de radiografia que foi retirado e não deve conter cápsula de material radioativo ou oferecer risco à população.
Ele explica que o equipamento de raio-x para diagnóstico médico não utiliza Césio — material utilizado em raio-x industrial. “Mesmo se fosse um material de raio-x industrial, ele é selado e a blindagem não permite que a radiação seja emitida sem que seja ligado a uma fonte de energia elétrica”, detalha. Júlio ainda afirma que, se o prédio anteriormente fosse sede de uma clínica de medicina nuclear — uma outra possibilidade para existência de material radioativo —, haveria registro na comissão para que passasse por licenciamento e fiscalização.
Fonte: O Povo
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