terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Prêmio Capes de Tese 2016 será entregue quarta-feira (14), em Brasília

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Duas pesquisas de doutorado realizadas na Universidade Federal do Ceará, no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva e no Programa de Pós-Graduação em Matemática, foram destaques no Prêmio Capes de Tese 2016. Tirou o primeiro lugar, em sua área, a tese "Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011: magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados", do pesquisador Francisco Rogerlândio Martins de Melo, e conquistou menção honrosa o trabalho "Regularidade Lipschitz, Invariância da Multiplicidade e a Geometria dos Cones Tangentes de Conjuntos Analíticos", de Edson Sampaio.

O resultado foi divulgado no dia 10 de outubro, no Diário Oficial da União. O Prêmio constitui-se de certificado, medalha e bolsa de pós-doutorado. A cerimônia de entrega acontecerá em Brasília, no dia 14 de dezembro, na sede da Capes, às 18h.

DOENÇAS NEGLIGENCIADAS
A tese "Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011: magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados", do pesquisador Francisco Rogerlândio Martins de Melo, foi defendida em 2015 no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFC. O trabalho contou com a orientação do Prof. Jorg Heukelbach e coorientação do Prof. Alberto Novaes, do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina.

As Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) são aquelas consideradas endêmicas em populações de baixa renda. Ocorrem em mais de 140 países, principalmente nas populações da África, Ásia e América Latina. Podem ser causadas por vírus, bactérias e parasitas e alguns exemplos são hanseníase, tuberculose, esquistossomose, leishmaniose, doença de chagas, dengue e malária. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), elas atingem um bilhão de pessoas no planeta.

Como explica o autor do trabalho, Rogerlândio Melo, a pesquisa desenvolvida na UFC teve como foco avaliar o impacto das DTN na saúde pública do País através de dados disponibilizados pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, no período de 2000 a 2011. "As doenças tropicais negligenciadas, apesar de preveníveis e com existência de tratamentos custo-efetivos para a maioria delas, ainda apresentam elevada carga de morbidade na população brasileira. Essas doenças ocasionam um impacto socioeconômico considerável com efeito negativo no bem-estar social das pessoas acometidas e nos gastos em saúde do Sistema Único de Saúde (SUS)".

Segundo Rogerlândio Melo, no Brasil as pessoas mais afetadas pelas DTN e em risco de transmissão residem em áreas rurais e nas periferias das capitais e dos grandes centros urbanos. "São locais onde as condições de pobreza se associam com as condições inadequadas de saneamento básico e dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Isso favorece a persistência e a expansão dessas doenças. É importante destacar que não são as doenças que são negligenciadas, mas sim as pessoas acometidas que geralmente estão em um contexto de vulnerabilidade", comenta.

Ainda segundo o pesquisador, um dado importante que o estudo traz é o elevado número de óbitos no País causados por hanseníase. "Esse número de quase 3.000 óbitos no período surpreendeu pelo fato de que a enfermidade geralmente é vista como uma doença com padrões clínico-epidemiológicos de baixa letalidade, sendo classicamente tipificada como doença de natureza crônica e com alto potencial incapacitante. Esse é um dado preocupante, uma vez que a doença é curável, com tratamento eficaz e disponível gratuitamente, as complicações são evitáveis e o impacto das intervenções primárias em saúde é alto. O Brasil é o segundo país no mundo em termos de detecção de casos novos, ficando atrás apenas da Índia, o que amplia os desafios para o seu controle. Portanto, alerta-se a rede de atenção à saúde do País de que as mortes relacionadas à hanseníase não devem ser menosprezadas", ressalta.

REGULARIDADE LIPSCHITZ
A tese de Edson Sampaio, intitulada "Regularidade Lipschitz, Invariância da Multiplicidade e a Geometria dos Cones Tangentes de Conjuntos Analíticos", foi defendida em 14 de maio de 2015 sob orientação do Prof. Alexandre Fernandes e coorientação de Lev Birbrair, ambos da Pós-Graduação em Matemática. A conjectura de Zariski diz respeito ao estudo da classificação de superfícies analíticas complexas a partir de suas singularidades. Por sua vez, singularidades podem ser descritas intuitivamente como vértices que surgem quando projetamos uma superfície em um plano. Em aplicações, estão associadas a mudanças qualitativas bruscas de um sistema físico ou econômico. O trabalho de Edson Sampaio resolve a conjectura de Zariski no contexto da teoria métrica de singularidades e abre caminho para novos desenvolvimentos em toda a área.

O Prof. Jorge Lira, vice-coordenador da Pós-Graduação em Matemática, comenta a relevância da pesquisa para os estudos matemáticos: "Nas palavras do Prof. Walter Neumann, da Columbia University, a tese contém a 'melhor contribuição para a conjectura de Zariski nos últimos 20 anos'. O Prof. Neumann certamente se refere ao fato de que a conjectura, uma afirmação com fortes evidências de ser um teorema, mas ainda sem prova, formulada pelo famoso matemático Oscar Zariski, permaneceu sem nenhum avanço significativo desde o resultado parcial provado por David Mumford".

GRANDE PRÊMIO 
O trabalho defendido no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFC segue concorrendo ao grande prêmio Capes, que será outorgado à melhor tese selecionada entre as vencedoras, agrupadas em três grupos de grandes áreas: I – Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Agrárias, denominado "Grande Prêmio Capes de Tese Nise da Silveira"; II – Engenharias, Ciências Exatas e da Terra e Multidisciplinar (Materiais e Biotecnologia), denominado "Grande Prêmio Capes de Tese Ricardo de Carvalho Ferreira"; e III – Ciências Humanas, Linguística, Letras e Artes, Ciências Sociais Aplicadas e Multidisciplinar (Ensino), denominado "Grande Prêmio Capes de Tese Octávio Ianni". Mais informações no site da Capes.

Fontes: Portal da UFC

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